Tenho a impressão de andar a viver com uma banda sonora. As ruas não são apenas isso. Parece que o olhar das pessoas me é dirigido. E elas sorriem. Às vezes, por entendimento, outras vezes por compaixão. Começo a ganhar a minha rotina. O estudo, os passeios, o café e as festas. Já me acontece ir sozinho ao centro de Haia e dizer 'Olá a duas ou três pessoas. A sensação de estrangeiro já não é tão intensa. Tenho o cartão de descontos do Albert Heijn e faço compras no Super de Boer. Reconheço "o meu café" com esplanada e fonte para os dias sol. E ontem, acho que encontrei "o meu bar".
Estava com o resto dos Erasmus no café do Paard van Troije quando era suposto mudarmo-nos para o Havana, que é uma das maiores discotecas em Haia, com Salsa às segundas-feiras e tralha sonora no resto dos dias...
- Não. O meu espírito estava muito longe de qualquer ambiente com demasiada gente arranjada. Tenho saudades da sujidade, do calor e dos graffitis do Bairro Alto.
Sugeri ao Panos e à Lily irmos descobrir alguma coisa nova.
Íamos, então, em direcção do Peace Palace quando vimos dois saxofones e dois rapazes a tocá-los na montra de um café. Entrámos. Smokers. Uma empregada de cinquenta anos e cabelo laranja que não falava muito bem inglês. Três copos de vinho. Acabou o jazz dos dois rapazes e começou a tocar música francesa... E -Sim, continuo na terra dos clichés! Parecia Paris de novo... e de novo conversas surrealistas. É bom regressar a casa de bicicleta, o vento garante que tudo aquilo foi real. Não sabia que Haia tinha coisas daquelas... Gosto.
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