sábado, 21 de março de 2009

Feliz ano novo!

Acordei tarde mas com um bonito sol a entrar pelas minhas três janelas! Tomei um banho longo para afastar a possibilidade de ressaca e o Kosmas convidou-me para me juntar a ele e ao Linus num café em Grote Market.
No caminho, encontrámos a Iro sem ter combinado nada.
É bom andar na rua e já ter os vizinhos e conhecidos a quem dizer 'Bom dia. Vivo numa aldeia!
Apanhámos duas horas de sol. E isso é especial e a empregada de mesa era ruiva.

Depois fui trabalhar para a biblioteca até às oito da noite. Quando saí, o termómetro marcava 6º. Mesmo assim, não queria ir para casa. Então, peguei na minha bicicleta, e fui passear. Até àquele momento, o meu limite era a Station Centraal. Haia começava na ali e acabava ao pé do mar. Mas hoje estava com esperança de descobrir alguma coisa nova e especial...
Pedalei por quase uma hora num bairro novo. E não teve interesse nenhum. Uns quantos restaurantes engraçados e apenas casas, casas, ruas paralelas e perpendiculares, casas... Fiquei desapontado. Queria mesmo chegar à minha e dizer aos outros que andávamos a perder o melhor de Haia. Que tinha descoberto alguma coisa fantástica naquela zona. Mas não. Só apanhei frio.

Regressei a território conhecido. Apesar de desapontado, ainda não me apetecia voltar. Resolvi passear pelas ruas do centro da cidade até me dar a fome. Se ainda há umas horas estava tudo cheio de gente a aproveitar o sol, naquele momento, não havia ninguém a andar a pé. Só os restaurantes mantinham o mesmo espírito. E eu só queria ter alguém para ir a algum deles. Não fosse tão tarde para fazer convites... (Ou não estivesses tu em Lisboa...) e hoje ia comer fora. Apetecia-me sentar, olhar para a ementa, um restaurante italiano, demorar a decidir, pedir um qualquer tipo de pasta, esperar pela comida, beber vinho tinto, estar com mais alguém... Mas hoje só tive direito a ver os outros fazer isso tudo. Parava à porta de alguns para ver o ambiente... e nunca entrava.

Depois aconteceu. A fome começava a apertar e estava finalmente decidido a voltar para casa. Mas comecei a ouvir o som de uns tambores, e vozes de muita gente. Parecia uma manifestação. Pedalei no sentido do som que ia aumentando de volume. E já não eram só tambores, uma espécie de flauta também se fazia ouvir. Encantadores de serpentes?
Duas ruas à frente há uma praça que se chama Rond de Grote Kerk cuja tradução literal é à volta da grande igreja. Hoje, havia, nessa praça, uma fogueira acesa por um grupo de umas 100 ou 200 pessoas. Não era uma multidão mas tinha força para isso. Dez homens dançavam ao som do tambor, que afinal era só um, e da flauta, que também era só uma. De braços dados, dançavam em conjunto. De vez em quando, um deles vinha à frente e seguia o ritmo sozinho. Sentia-me nas arábias. Perguntei a um rapaz, ao meu lado, o que se passava. Era o ano novo dos curdos. - Aquelas são bandeiras do Curdistão. Festa curda na minha aldeia, mesmo em frente à igreja católica. Fiz-me convidado! Por algum tempo, encostei-me à fogueira, senti-me feliz com eles, aplaudi. Soubesse eu como dançar, e ter-me-ia juntado à dança. Já não estava sozinho. Hoje é o dia de novo ano. Mas não quero pedir qualquer desejo, nem faço anos!

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