sábado, 20 de junho de 2009

Especial(mente) mau

Aqui já se falou sobre isto. No entanto, ao folhear o Caderno Especial da Visão desta semana, dedicado somente ao Ensino Superior 2009, é impossível não retomar o tema.
Percorrendo este suplemento especial fico-me logo pelo primeiro título: "Bem-vindo a Bolonha". Neste artigo, bem se tenta realçar as fantásticas vantagens do processo de Bolonha. Mas nem a custo o conseguem fazer: "Num período curto, fez-se a transição de um sistema em que todos os diplomados tinham uma formação base que, nominalmente era de quatro ou cinco anos, para um novo modelo em que os estudantes obtêm um primeiro diploma com três anos de estudos", diz assim António Ferrari, reitor da Universidade de Aveiro. Hmm... portanto vejamos: deixámos de ter uma formação base, mas agora tenho um diploma mais rapidamente... só não faço é grande coisa com ele, porque não tenho formação-base.
"Nos dois primeiros anos quase desapareceram as aulas teóricas", continua. Eu cá penso no meu curso e... lembro-me que reduziram o número de aulas práticas de cada cadeira!
Confesso que este artigo não me deixou particularmente entusiasmada com Bolonha...

O segundo artigo que prende minha atenção tem como título "Soluções financeiras - não deixe de estudar por falta de meios para pagar o seu curso. Todas as instituições bancárias têm soluções para o ajudar a estudar. Saiba como"
Portanto, a Visão ensina-nos como, com 18 anos e o 12º ano, contrairmos uma dívida de mais de 3 000 euros (mais, bem mais, que aqui só incluo o valor das propinas) a uma entidade privada! Diz assim:
"Comece por fazer contas para definir todos os custos que vai ter durante os anos em que vai tirar o seu curso. Depois corra aos balcões dos bancos, alguns deles instalados nas próprias Universidades".
Errr... Que bom que é ter um balcão de um banco na minha Universidade, local onde estudo, onde aposto na minha formação enquanto pessoa e membro da sociedade. Na FCSH até já tenho de entrar num balcão do Santander para conseguir entrar na faculdade! Óptima forma de o Governo se desresponsabilizar dos encargos com a educação superior - reencaminhando-nos todos para instituições bancárias (e a correr, ainda por cima!).
As duas páginas seguintes apenas contêm os planos financeiros que CGD, BCP, Totta, BPI, etc, nos têm para oferecer. Tudo em nome de uma educação de qualidade, e para que todos a ela possam aceder, pois claro!

Isto há com cada coisa....!

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