domingo, 31 de maio de 2009

Esta semana estou sozinha em casa. Os meus pais foram tentar ficarem funcionais para outra freguesia, ou como quem diz, em Cádiz.

Entretanto vou fingindo que estudo (olhos no papel, cabeça lá longe - não em Cádiz, diga-se), intercalando a Micro com uns "Pessoa, não roas a borracha" ou "Pessoa não destruas o meu chinelo" ou "Pessoa, não comas o pão do Nuno". Ou então simplesmente a brincar com o Pessoa.

Preciso um bocadinho de ti, Índio.
Nikolas, o rapaz-meio-grego-meio-alemão-que-também-fala-espanhol, é fotógrafo, faz webdesign, começou uma revista online e organiza a maior parte das festas bem organizadas em Haia.
A semana passada, convidou-nos a ir a Amesterdão assistir a um evento que partira de uma ideia sua: uma noite de música numa casa de artes, Cantina Vocaal, cujos lucros reverteriam para a construção de uma escola nos Camarões.
Deixem-me ser piroso e dizer que Amesterdão é a cidade dos sonhos! Os canais estavam repletos de gente a apanhar sol, as velhotas também, as meninas bonitas, os leitores, os homens de cabelo comprido e até os casais gay saíram à rua para passear ao ar ameno que fez afastar todos os corvos.
Naquela cidade o sentido de tempo esbate-se, a ansiedade reduz-se, o passo é lento e todas as montras convidam a algo mais.

No meio do red light district há uma igreja que já pouco usada é para rezar. Acho que há demasiado pecado para fazer valer qualquer oração. Visto que está rodeada de montras com as meninas mais provocadoras do mundo (leia-se , mulheres quarentonas, de cintura larga, barriga proeminente e munidas de chicote) à boa maneira Holandesa, vai de se fazer da igreja um espaço de exposições: porque não?
Até ao final de Julho é possível ver o World Press Photo em território sagrado, pisando antigas sepulturas e surpreendendo-se com monumentalidade do órgão na ala sul da dita.
Foi bom pensar em todas aquelas coisas à luz de fotografias intensas, cruas, jornalismos... O que aconteceu o ano passado? Quais foram as guerras, os problemas?

Depois sentámo-nos no café Crea onde bebi uma bica, a Lily um chá de manga, e ficámos a ver os barquinhos a passar no canal enquanto dizíamos umas quantas futilidades.

A Cantina Vocaal é O espaço que andava a tentar encontrar: uma casa de artes, gerida por uma só família que fez do rés-do-chão do seu prédio uma oportunidade para gente nova mostrar o que anda a fazer.
Refrescante, este dia.
Sinto que o tempo de Erasmus está a entrar na recta final. Se isso por um lado me angustia visto que ainda tenho tantas coisas para fazer aqui, por outro, dá-me energia para planear.
Voltar a Lisboa vai ser viajar, outra vez.
O sentido que essa viagem terá é que há não faço ideia.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Domingo e segunda revi "A Melhor Juventude".

E agora não consigo parar de pensar no que vi.



Quero ir onde à meia-noite ainda há sol.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Mercado cultural, corrida com canções em voz alta, a maior tempestade da minha vida.

domingo, 24 de maio de 2009

Ontem...

...fomos 85 000...




... e das doze notícias da 1ª página do público on-line de hoje, nenhuma diz isto (só para provar-te que aqui não há mania da perseguição).

* foto retirada da pág. da DORL



sábado, 23 de maio de 2009

Hoje, às 15h


Hoje, às 15h, do Saldanha até ao Marquês de Pombal, milhares de pessoas vão dar voz ao descontentamento, com a denúncia e luta contra as injustiças sociais, o desemprego, a corrupção, a degradação das condições de vida dos trabalhadores, dos jovens, dos reformados.
Hoje, às 15, do Saldanha até ao Marquês, lutamos por uma verdadeira política alternativa.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

viagem interior pela Bélgica

Quando cheguei com a minha garrafa de vinho chileno percebi onde tudo aquilo me ia levar.

domingo, 17 de maio de 2009

Sombreros

Minha gente

Hoje fui ao ccb ver "Sombreros", um espectáculo de dança de Philippe Decouflé que era realmente espectacular. Fala e dança sobre a história de José Maria e de Maria José (François e Françoise na versão não tuga) e sobre a história das suas sombras. Porque na sua essência "Toda a gente tem uma sombra, toda a gente tem uma gente. O que fazem as nossas sombras assim que viramos as costas? Sombras, para onde vão à noite? Efectivamente, diz-se uma sombra ou um sombra? Ela ou ele? A minha sombra: ela? Ou o meu sombra: ele?". No final da história Maria José e José Maria vão-se casar. Maria José vai levar um vestido branco. Mas aqui surge uma questão... E a sua sombra? Também vai de branco?

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Se fosse a profª S. Alarcão diria: "Tiro no pé" e "ai ai minhas encomendas"

Hoje o almoço na faculdade foi "nota de apresentação injusta", acompanhado com "concelho de borla".
A nota injusta é relativa a uma apresentação de História Económica, que incluiu um sábado inteiro e uma terça até às onze da noite na sala de computadores (nessa noite escrevi um poste precisamente a relatar o facto). Enfim, as notas saíram hoje e o que é certo é que tive exactamente a mesma nota que alguns do meu grupo (a nota não foi atribuída ao grupo, mas a cada um) que não gastaram uma hora sequer do seu sábado, nem do seu sono, naquele maldito ex-convento.

Segundo consta só tive um "Reasonable English".

Hã? Mas não era História Económica?

Sim, era. É. Mas, no fundo, não interessou muito o facto de eu ter ido para lá do texto a analisar, ter feito uma pesquisa a partir do nada, digitalizar tabelas, construir linhas cronológicas, coordenar o trabalho, falar do caso português e compará-lo ao britânico sobre o qual o texto se debruçava, ...
Afinal, tenho um "Reasonable English".

Em compensação, recebi um concelho gratuito, ou "for free": para meu bem, a professora avisou-me que nas empresas era assim mesmo - "chega um com mais jeito para falar, e olhe..." ; "tem de seguir determinado padrão de apresentação, como os seus colegas que tiveram melhores notas".

Percebem agora porque falo tão mal daquilo? É por estas, e por outras tantas e tantas outras.

Tu, que me conheces como ninguém, sabes como foi a minha reacção. Juro que tentei argumentar, mas não consegui começar uma única frase sem que a mulher me interrompesse. Foi digno de estar no youtube ou em série de comédia da Fox Life.

Hoje estou extremamente chateada
Se havia coisa que tinha saudades era de dar o bilhete de cinema ao empregado, entrar na sala com pouca gente, escolher um lugar central, dar a mão à pessoa ao meu lado e esperar que o filme começasse com uma conversa sussurrada.
Hoje só não houve mãos dadas nem conversas moles... mas dei o bilhete ao empregado, escolhi um lugar central, recostei-me nas poltronas azuis e esperei pelo filme com ansiadade.
Na Haia decorre um ciclo de cinema que está a repor o melhor do Sarajevo film festival: uma semaninha recheada de cinema dos Balcãs aos preços lusos.
As sessões são introduzidas por uma senhora cujo inglês acentua cada pequeno erre. A função dela é fazer umas quantas considerações sobre a Bósnia, o filme que vamos ver e o gosto dela em nos receber ali: basicamente, fazer-nos sentir em casa. (havia um jarro com as flores mais pirosas da Holanda no canto esquerdo da tela). Lembrei-me da Mariana, do David, e do Andrej nas ruas de Sarajevo a "cuspir na nação" e a perceber a verdadeira essência do turbo-folk. Mas também senti que os tinha aqui. As memórias de viagem não se apagam facilmente. Não era preciso dar as mãos a ninguém para o perceber.
Senti, outra vez, a verdadeira hospitalidade do povo da Bósnia - apesar de, desta vez, uma versão pseudo-erudita da mesma. Quero voltar. Deixo-me feliz.
Vi a curta-metragem eslovena I know e a longa búlgara the worl is big and the salvation lurks around the corner.
*cheguei às onze horas ao jantar espanhol. Já não tive direito a tortilha... mas valeu a pena

segunda-feira, 11 de maio de 2009

não estou dentro de mim. passei o dia com a sensação que me estava a observar. fiquei na biblioteca até às 10 horas para fazer uma pesquisa. cozinhei salmão enquanto falava com a minha mãe pelo skype. vim para o quarto. tenho as costas rijas. apetecia-me que alguém me batesse à porta com um filme na mão.

domingo, 10 de maio de 2009

à noite fui para o bar dos domingos. de duas em duas semanas uma menina espanhola de madrid canta músicas brasileiras com a melhor pronúncia de copa cabana. havia uma comitiva portuguesa a apoiá-la e a cantar: "você abusou, tirou partido de mim, abusou, tirou partido de mim, abusou..." Acho que encontrei a verdadeira embaixada portuguesa com a telma, o marco, o pedro e o primo da telma e a namorada do primo da telma. é como se saísse de casa para estar em Portugal outra vez. soa a conversa de emigrório mas não importa. Foi tudo por acaso. Daqui a quinze dias vai haver tortilha!
Saí de casa para fazer não sei bem o quê.
Queria comprar pão, leite, bolachas, talvez alguma coisa mais para o jantar...
Parei no Coffee & Company. Pedi o melhor galão que alguma vez bebi. (não interessa quanto paguei por ele). O C&C tem três janelas enormes viradas para uma rua estreita. Estava sol em Haia. Passei quase três horas com o galão e com todas as pessoas que passavam. Em frente, há outro café que tem uma esplanada na rua perpendicular. Nesse café trabalham três empregados de mesa e uma empregada de mesa. Dois dos empregados eram carecas, altos e vestiam uma camisa do mesmo tom. Ponderei várias vezes se eram gémeos. O terceiro empregado tinha um ar demasiado frágil, uns olhos muito verdes e uma atitude enjoativa. A empregada usava o cabelo curto, castanho, era esguia e sorridente, mas nunca olhou para mim.

nao foi entre lisboa e haia... foi mais entre haia e amsterdão. sensações das cidades depois de dizer adeus à ana:

.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Retomando a conversa...

É tão bom estar contigo!

Se não os podes vencer... junta-te a eles!

No fundo, somos parecidos: portugueses, espanhóis e gregos.

Obrigada pelo espacinho na cama, pela visita guiada, pela conversa, pelos filmes, e por poder dizer à Anastasia que éramos melhores amigos há oito anos.