sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009


Se na primeira vez que estive em Roterdão só vi frio... hoje só vi contentores debaixo de nuvens.

(A Universidade de Haia estipula como cadeira obrigatória para todos os alunos internacionais "Introdução à cultura e sociedade holandesas". A parte boa é que para além da vertente teórica da cadeira, existe a parte prática: visitas de estudo 100% à pála do Estado! Como não podia deixar de ser, 'se é de grates: lá vou eu!' )

O plano era uma ida de autocarro até Roterdão e depois um passeio turístico, de barco, pelo porto da cidade, o maior da Europa, (para mim, o maior do Mundo). O céu estava o mais cinzento possível, a água o mais castanha. Mais uma vez, a arquitectura futurista deste século a representar a destruição que a guerra causou no anterior. Esperava-nos uma hora dentro de água, num bonito paquete turístico que tenta criar um ambiente de charme 'para inglês ver' à paisagem da indústria, do comércio, do capital puro e duro, da troca, do dito desenvolvimento ocidental. Enormes navios em reparação numa doca seca com chaminés a deitar fogo como pano de fundo. Uma data de contentores com caracteres chineses e eu tentar imaginar o que traziam dentro. O maior do mundo. Para onde irão todas estas coisas? Só coisas e só metal. Com o movimento do barco o vento começou a gelar. Fomos para dentro depois das raparigas tirarem uma média de 50 fotografias cada. Ao quê? Apareci em algumas delas só pelo gozo de aparecer... mas ver os nossos sorrisos completamente indiferentes ao frio e à paisagem metálica que nos rodeava a 360º, não deixa de ser extremamente caricato. Hoje é um dia de perguntas: Porquê? O que motiva as pessoas a tirarem tantas fotografias, num dia (já disse que estava cinzento?) de Fevereiro, na parte exterior de um barco turístico? O que motiva a organização desta cidade a fazer daquela paisagem de bastidores, o palco principal desta palhaçada que é o turismo de câmara na mão? Onde fica a fronteira daquilo que nos dá ou não prazer?

Depois descemos para o interior da embarcação, devidamente aquecida, bebemos um café quente, um biscoito de amêndoas, e a paisagem lá de fora tornou-se num mero filme, um tanto entediante, que servia de pretexto para uma boa conversa entre novos amigos. Dormi nos 25 minutos de regresso a Haia, mas não sonhei com um mundo melhor.
Não volto a Roterdão.

1 comentário:

  1. Inscrevi-me!

    mãe: "Já és maior de idade, fazes o que quiseres"
    pai: "Não concordo, mas é uma deci~são tua"

    Inscrevi-me!

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