Se havia coisa que tinha saudades era de dar o bilhete de cinema ao empregado, entrar na sala com pouca gente, escolher um lugar central, dar a mão à pessoa ao meu lado e esperar que o filme começasse com uma conversa sussurrada.
Hoje só não houve mãos dadas nem conversas moles... mas dei o bilhete ao empregado, escolhi um lugar central, recostei-me nas poltronas azuis e esperei pelo filme com ansiadade.
Na Haia decorre um ciclo de cinema que está a repor o melhor do Sarajevo film festival: uma semaninha recheada de cinema dos Balcãs aos preços lusos.
As sessões são introduzidas por uma senhora cujo inglês acentua cada pequeno erre. A função dela é fazer umas quantas considerações sobre a Bósnia, o filme que vamos ver e o gosto dela em nos receber ali: basicamente, fazer-nos sentir em casa. (havia um jarro com as flores mais pirosas da Holanda no canto esquerdo da tela). Lembrei-me da Mariana, do David, e do Andrej nas ruas de Sarajevo a "cuspir na nação" e a perceber a verdadeira essência do turbo-folk. Mas também senti que os tinha aqui. As memórias de viagem não se apagam facilmente. Não era preciso dar as mãos a ninguém para o perceber.
Senti, outra vez, a verdadeira hospitalidade do povo da Bósnia - apesar de, desta vez, uma versão pseudo-erudita da mesma. Quero voltar. Deixo-me feliz.
Vi a curta-metragem eslovena I know e a longa búlgara the worl is big and the salvation lurks around the corner.
*cheguei às onze horas ao jantar espanhol. Já não tive direito a tortilha... mas valeu a pena
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