quarta-feira, 29 de abril de 2009

Andava a querer aquilo. A podridão, a inocência e o joi-de-vivre daqueles que têm tudo.
Apelo ao fim da consciência social e do dever. Não há miséria agora, nem sentido de tempo, nem as boas notas a filosofia. O meu mundo é regido por este balançar que me faz ter fome. Vou ao supermercado, abasteço-me e depois penso no dinheiro que gasto. Mas hoje não. Hoje aquelas pessoas do norte e do sul da Europa fizeram com que não me lembrasse nem de mim nem dos outros. A inteligência serve apenas para contar umas piadas, pouco mais. Que velocidade! Não há momento para respirar no jogo das cadeiras. Se sim, outros passam-nos à frente e depois é um vesso de avias. Que mentiras se contam da boca para fora, que piada inofensiva, que inofensivo fumar de erva. Nada nos pára porque estamos aqui e isto é só uma experiência. Quero subir mais degraus. Ainda não estou satisfeito. O tempo de Erasmus é mais apressado que o outro tempo. Não há espaço para posturas correctas. A nossa imagem no dia de hoje é a imagem que fica para todo o sempre e nada mais. Porque, realmente, nada mais interessa. Está presente em todas as conversas que tudo isto é efémero. Este tempo só serve para nos esquecermos que o tempo existe. Mas a sua evidência não me larga. A angústia do tempo estar a passar é demasiado grande quando se percebe que isto é O sonho. E não há nada pior do que se sentir impotente dentro dele. Tudo é possível, mas não somos nós que determinamos tudo o que acontece. Há sempre uma dependência em relação ao outro. Por vezes até à miséria do outro. Mas essa miséria parece muito mais saborosa que a minha. É danado demais. Estou feliz e frenético. Hoje. Basta um convite.

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